DRE Gerencial ou Contábil? Qual o melhor? |

DRE Gerencial ou Contábil? Qual o melhor?

O termo DRE, por si só, já assusta muita gente. Quando junta com a palavra “contábil”, ferrou de vez! Não é mesmo?! Neste artigo, vamos desmistificar essas três letrinhas que parecem complexas, e diferenciar o que o seu contador faz do que o que você precisa, efetivamente, para gerenciar sua empresa. No final deste artigo, você saberá inclusive o que querem dizer os analistas e consultores quando dizem que “o que importa é a última linha”!

DRE? O que é?

DRE é uma sigla para Demonstrativo de Resultados do Exercício. Não, não o exercício de matemática: o exercício aqui significa o “ano fiscal” mesmo. E salvo você tenha necessidades especiais ou seja uma empresa muito grande, o seu ano fiscal é igual ao seu ano calendário mesmo: ele começa em 1/janeiro e termina em 31/dezembro!

Então, na prática, o DRE nada mais é do que o demonstrativo do que aconteceu naquele ano. Simples, não?! Mas, então, pra quê a sigla? Não dava pra chamar de “resultado”?!

Bem, sim e não. A questão é que “resultado” é um termo genérico. Até a era “pré-covid”, por exemplo, os resultados de startups eram medidos pelo faturamento, e não pela geração de caixa. Portanto, apresentar os resultados poderia ser, meramente, apresentar as “vendas” e o MRR. DRE, portanto, é um termo amplamente usado na administração que coloca todos na mesma página sobore o que está se querendo ver.

Formato do DRE

Em geral, o DRE é dividido em linhas que compilam os resultados por competência, e não por caixa. (Alguns artigos pra frente, falaremos da diferença entre caixa e competência.)

Cada linha representa uma informação relevante. Aqui começam as diferenciações para o DRE contábil e o gerencial. O contábil, para a maioria das empresas (MPMEs), é uma formalidade. O gerencial, por sua vez, é formatado de acordo com o “gosto” do administrador. O Nimbly, por exemplo, tem uma ferramenta super bacana para você configurar o DRE do seu jeito. Veja abaixo um exemplo de DRE.

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Primeira linha? Última linha? Oi?

Classicamente, o DRE é apresentado por mês ou anual, e suas linhas representam grandes grupos de receitas ou despesas. Também classicamente, a primeira linha representa a “Receita Bruta” e, no caso do gerencial, a última linha representa a geração de caixa efetiva da empresa.

Aqui é um ponto importante: as startups, até 2020, eram valoradas por sua “primeira linha”. Isso significa que o que importava, de fato, era o crescimento da receita bruta – ou seja: se está vendendo, está valendo mais. O restante das linhas, que consideram os custos para entregar o que foi vendido, e também os custos para conseguir vender, eram completamente ignorados por investidores e fundos.

O que se tem, agora, é uma perspectiva de mudança deste cenário, que passa a valorizar mais a “última linha” – ou seja, a capacidade de geração de caixa da startup. Muitas startups crescem – e continuam crescendo – às custas de queimar dinheiro de investidores. (Se tiver com tempo, este artigo fala como um dono de pizzaria fez dinheiro às custas de um “plano” desses.) Mas este é assunto pra uma discussão, não um post 😀

Bem, voltando ao tema: agora você entende, portanto, o que dizemos quando falamos em “primeira linha” (receita bruta) ou “última linha” (geração de caixa).

Bônus: EBITDA

Este termo, que também pode ser EBIDA, para empresas simples, é o mesmo que dizer “Lucro Líquido”. Nós, startups, adoramos termos, e por isso adotamos este! Mas ele não faz sentido na maioria das vezes – não estou desencorajando você a usá-lo, é bem mais bonito do que “lucro líquido”. Mas ele significa “Earnings before interest, taxes, depreciation and amortization” (em tradução livre: lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização).

A questão é que, na prática, a maioria das empresas não tem nada abaixo desta linha. Isso porque os impostos que esta linha menciona, por exemplo, são os impostos de renda sobre a retirada de lucro, hoje isento no Brasil. Juros e amortizações para operações financeiras de empréstimos, por exemplo, pouco usados por empresas da economia moderna. E depreciação dos equipamentos, que é muito mais uma questão contábil do que gerencial em si (estou sendo simplista aqui, sim, e é claro que existem exceções).

O EBIDA “tira uma letra” do termo – a letra T, dos impostos. Seria mais adequado ao Brasil, por exemplo.

Pensando no DRE Gerencial

Bem, vamos deixar o DRE contábil para o contador e pensar no seu DRE gerencial? Respondendo a pergunta do título: não existe “melhor”; mas você pode esquecer o contábil e se focar no gerencial.

Para montá-lo, você deve buscar todas as suas contas pela data de competência, ou seja, pelo fato gerador delas. Notas fiscais emitidas representarão sua receita, e despesas serão as compras e consumos de serviços do mês (como salários gerados, pagos normalmente no mês seguinte, servidores, compras – no caso das parceladas, é o valor total do mês da compra que entra aqui, etc.). Algo importante do DRE é que ele “ignora” a inadimplência e, portanto, ele exibe 100% das contas – independentemente de elas terem sido pagas ou recebidas.

A primeira linha, invariavelmente, irá representar a Receita Bruta. É a soma de todas as notas fiscais de venda (produtos ou serviços) emitidas pela empresa. A partir dela, você irá descendo para Impostos e Retenções e vai chegar na Receita Líquida. Depois, de uma forma prática, você pode considerar todos os custos diretos com a venda como integrantes das linhas antes do Lucro Bruto. Entrarão, portanto, Comissões e custos de mercadorias vendidas.

Depois do Lucro Bruto, vem todo o restante. Todas as despesas administrativas, operacionais, e com o nível de detalhamento que você achar interessante mencionar. Isso vai variar de empresa para empresa. Por exemplo, se você for uma empresa de tecnologia, você pode querer destacar o seu custo de desenvolvimento de novidades do seu custo de suporte ao produto. Isso não faria sentido para uma consultoria, por outro lado.

Depois de todas as despesas, chegamos no EBIDA, EBITDA, Lucro líquido ou como quer que você queira chamar esta linha! E, abaixo dela, pagamentos de empréstimos se você tiver.

A última linha deve representar, de forma “simbólica”, a geração de caixa daquele mês. Simbólica porque, como mencionei anteriormente, ela não considera a inadimplência nem o caixa. Você pode ter vendido em 24x, por exemplo, mas o DRE representará isso em um único mês.

Por fim…

É por tudo isso que, no geral, o DRE gerencial é uma ferramenta poderosa de gestão mas somente quando associado ao fluxo de caixa. O DRE mostra a eficiência da empresa em gerar caixa, vender e entregar. Mas ele esconde, em geral, necessidades essenciais como necessidade de capital de giro ou geração real de caixa.

Assim, tenha sempre em mãos todas estas ferramentas na hora de tomar uma decisão! 😀

Abaixo, aprenda como configurar o DRE no Nimbly!

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